quinta-feira, 16 de março de 2017

Campanha Salarial 2017




Memória (nada impessoal) da campanha salarial 2017 (até agora)


largo

A campanha salarial deste ano não começou muito diferente dos anos passados recentes.

Começamos tarde, uma vez que nossa data-base é janeiro.

As pessoas à frente das mesas de negociação (Secretaria de Planejamento, Administração e Gestão de Pessoas) mudaram, mas as práticas continuaram as mesmas. Ou quase as mesmas.

Ao décimo-quarto dia de fevereiro, quase às vésperas do carnaval, tivemos a primeira mesa de negociação geral, na qual estavam presentes, além do Sindisepre, outros sindicatos e associações de categorias que compõem o quadro de servidores/as da PCR.

A mesa começou com a apresentação dos novos gestores e rapidamente passamos às projeções de PowerPoint. Balanços de cá, explanações sobre os cortes de comissionados acolá, e o quão perto do teto da Lei de Responsabilidade Fiscal estamos. Tudo para nos fazer crer que, não há uma laminha (sic) sequer sobrando nessas águas de março, e reforçando que o leitinho de nossas crianças é a causa e efeito da dilapidação do erário municipal.

Dentre os slides apresentados desvelou o que já temíamos: não houve um mês sequer de aumento da receita em 2016. Exceto o mês de dezembro -vide vós!- justamente o mês que não entrou naquele acordo nefasto. Foi triste, e só nos restou a recomendação do poeta, que tocássemos um tango argentino.

Porém, a resenha não se resumiu somente em chorumelas e aboleirados, digníssimo público. Quando o secretário disse que não haveria resposta alguma a dar pois não havia recebido a totalidade das pautas reivindicatórias setoriais, o couro comeu! –Mas como secretário? Se a pauta foi entregue em dezembro? A emenda foi pior que o soneto, pois logo o maestro sugeriu que a banda só voltasse a tocar no dia 5 de abril, após todas as mesas setoriais realizadas, para saber se haveria algum incremento à pecúnia geral da nação municipal. Ou não.


Após esta reunião tivemos o 'Fórum dos/as Servidores/as Municipais', no dia 7 de março, na sede da CUT.  Nesta reunião alguns servidores/as repassaram o que rolou nas mesas setoriais ocorridas até então. A mesma toada: Os/as gestores/as leram as pautas como se fosse a primeira vez, versaram sobre alguns pontos que não diziam respeito ao financeiro, como se de matéria abstrata tratássemos (carinho, compreensão?), prometeram analisar com atenção e marcaram uma segunda mesa, para já apropriados e com os devidos cálculos feitos, terem alguma resposta.

Os/as sindicalistas fizeram suas avaliações e discutiram as estratégias para a campanha salarial que começava a se desenhar. Ao final discutiu-se como se daria a mobilização para o dia 15 de março, o grande ato das centrais sindicais e movimentos sociais contra a destruição reforma da previdência. Ficou acertado que teríamos uma assembleia neste mesmo dia na câmara municipal, às 9 horas, para os repasses, avaliações, deliberações, e , caso houvesse uma presença massiva, engrossarmos o caldo da marcha contra a reforma da previdência pautada pelo governo interino –golpista!- e sua base de apoio.

andante


Nesse ínterim, conseguimos com o sindicato a liberação de um carro e motorista para passarmos nos equipamentos a fim de fazer os repasses para a categoria do que estava acontecendo até então, e mobilizar os/as colegas para a assembleia geral, e a importância de participarmos do ato contra a reforma da previdência. Por conta do curto espaço de tempo, só foi possível na segunda, 13 de março, véspera da nossa mesa de negociação setorial.

A nossa mesa de negociação setorial se deu no dia 14 de março, como escrito anteriormente, e além das gestoras da SDSJPDDH, tivemos também a presença de um gestor da Secretaria de Planejamento, Administração e Gestão de Pessoas.

A reunião seguia a mesma cantilena das citadas anteriormente, com o adiantamento que ali não seria discutido nada que tivesse respeito a valores pecuniários, tais como aumento dos percentuais de risco de vida e outras gratificações; porém, acabamos lendo todas as pautas.

Vale frisar que o gestor do 10º andar responsável por acompanhar a nossa mesa setorial se mostrou muito inclinado a olhar nosso caso com atenção, haja visto que somos a secretaria com os piores salários das categorias de nível superior do quadro municipal. 
Após essas promessas, a próxima mesa ficou marcada para o dia 5 de abril, após a 2ª mesa geral de negociação, que está marcada para o dia 27 de março.

Após a mesa setorial chegamos ao dia 15 de março, quando se deu a assembleia geral do Sindsepre na câmara municipal e o consequente ato contra a reforma da previdência.

A assembleia geral estava prevista para às 9 horas. As falações começaram por volta desse horário. Porém as de caráter avaliativo e deliberativo só começaram mesmo após às 10. E tudo isso com o tempo urgindo, pois concomitantemente acontecia a concentração da marcha na Praça Oswaldo Cruz.

Graças a alguns protestos em vias de grande circulação da cidade, muitas pessoas se atrasaram para a marcha, e para a nossa assembleia também, o que proporcionou um tempo hábil para que discutíssemos as propostas e votássemos. Porém, não houve tempo suficiente que nos reuníssemos com calma para os repasses necessários sobre a mesa setorial, ocorrida na tarde do dia anterior.

A categoria votou em peso na proposta de entrarmos em Estado de Greve. Quais efeitos práticos disso? 
1-  Devido ao andamento muito lento das mesas de negociações, este sinaliza a nossa urgência em relação às respostas; 
2- do ponto de vista jurídico, nos garante uma maior segurança para o caso de uma possível greve ser considerada ilegal.

Votamos e saímos em passeata para nos somarmos à marcha contra a reforma da previdência.




presto

Pela tarde no sindicato avaliamos a assembleia de hoje, o ato contra a reforma da previdência, e como está a mobilização pela campanha salarial deste ano. 
Discorremos sobre os vários problemas em relação aos serviços: estrutura, falta de segurança, desmotivação tanto de nós servidores/as como dos/as usuários/as dos serviços em relação à atual conjuntura do país, do estado, e do que nos compete, ao município. 

Porém, também ressaltamos o quanto foi importante este 15 de março para darmos um gás na campanha deste ano. 

Uma pauta  bomba lançada por um governo ilegítimo, que certamente nunca teria votos para aprovar leis, reformas e PECs extremamente impopulares a toque de caixa, pode nos acordar do torpor, da inércia e da impotência? Será que estamos conseguindo relacionar e sintetizar estas questões mais individuais e comezinhas: custo de vida, insegurança, falta de perspectivas com as problemáticas mais coletivas, que versam sobre a nossa cidadania em última instância: cortes e congelamentos de gastos públicos e a consequente diminuição da oferta e da qualidade das políticas públicas, retrocessos sociais, trabalhistas e previdenciárias?


Pode parecer muita pretensão, mas nessa campanha salarial estamos lutando não só pelo pão nosso de cada dia, travamos, até mesmo sem nos darmos conta, uma luta pela manutenção de um estado garantidor de direitos -e isso ainda é um mínimo!

Transformar a apatia e o já-perdeu em alguma conquista e retomada de nossas vidas não é tarefa fácil.

Só nos resta a ousadia.







ou o apocalipse zumbi. 

feito no libreoffice e debian-linux - viva o código-aberto!

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