domingo, 10 de dezembro de 2017

2017 - 0 ANO QUE TEIMA EM NÃO TERMINAR


2017 foi melhor que 2016? Como este ano poderia ser pior do que aquele ano fatídico?

Mas peraí, o ano já acabou? Ainda falta quase uma semana para dezembro, calma, amiga! Gols podem sair aos 49’do segundo tempo. O jogo só acaba quando termina.

Pra onde se olha se vê os pinheirinhos, as tuias e demais decorações tão afeitas ao nosso gosto tropical. Cansaço: confras, compras e correrias. E o décimo?

Olhar para trás e encarar os retrocessos não é estimulante pra começar um novo ano. Mas nem tudo são dores.  Vamos aos frutos, pra não dizer que não falei das flores.

A campanha salarial deste ano, que já finda, e que ainda não findou, começou em 8 de fevereiro, com a chamada de um Ato Público e uma Assembleia Geral, pelo SINDSEPRE, para ver se a prefeitura acordava e abria a mesa de negociação. Sem levar em conta que a nossa data-base foi modificada para janeiro a pedido da própria PCR, em campanhas passadas recentes. Uma emenda nesse soneto: dia 10 de janeiro houve uma assembleia para tratar das indiretas que foram incorporadas, em nosso caso, a autarquia IASC que foi incorporada ao acrônimo SDSJPDDH, levamos meses para decorar esta sopa de letrinhas...

A mesa que nem começou, parou para gozarmos o carnaval. Quanto riso, ó, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão...

Entre confirmações e cancelamentos é marcada a nossa primeira mesa setorial para o dia 14 de março. A cantilena é a mesma dos outros anos: as(os) secretárias(os) não têm autonomia financeira nenhuma para negociar. O que é a tônica da gestão da PCR, autonomia financeira e orçamentária praticamente nula às secretarias, que se estende num efeito cascata até às gerencias e unidades. Tudo centralizado nos iluminados tecnocratas da administração e planejamento. Por um lado isso gera um esvaziamento das políticas setoriais e as(os) secretarias(os) se eximem de negociar o que quer que seja; por outro, sentimos o rebatimento disso em nosso cotidiano: gerentes e chefes de setor sem saber quanto tem para gastar em casa. O velho patriarcado aos moldes da casa-grande e senzala.

E a caravana do retrocesso não para. Em meio a uma campanha salarial que dá mostras de ser uma das mais difíceis de todos os tempos, lutas nacionais precisam ser encampadas em nossa cidade, e não viramos as costas para estas também. Desta forma, tivemos um ato nacional contra a deforma da previdência no dia 15 de março, e neste mesmo dia pela manhã, uma assembleia em que foi deflagrada o Estado de Greve.

27 de março outra mesa geral de negociação, exposição dos problemas fiscais, a crise e a proposta de jogar as negociações para o segundo semestre. Nenhuma contraproposta e refratários a ouvir qualquer plano a, b ou c. Frente a esse cenário uma greve geral ainda está sendo construída, do local para o nacional mais uma vez, e dia 31 de março uma greve geral contra as deformas trabalhistas e previdenciárias.

Para encurtar a história e não se tornar repetitiva e desesperadora, vamos aos números e aos fatos. Alguns quantitativos podem estar variando, mas nada além de um a mais ou um menos, nada é infalível.

De abril a 11 de agosto, data da assembleia que decretou o fim da greve, foram 4 mesas gerais de negociação, 3 meses setoriais, 5 assembleias gerais e 2 setoriais, além de, nesse ínterim,  termos iniciado a Comissão do PCCV (promessa das duas últimas campanhas e não cumpridas) e a continuidade da construção da Educação Permanente.

As dificuldades foram imensas: o cansaço chegou a turvar nossas vistas, o desânimo causado pela conjuntura nacional fez muita gente perder o tesão e se resignar com os argumentos das cabeças-de-planilha, muitos colegas com medo de perder o pouco que já tem com os descontos dos dias parados (apesar de isto ter acontecido apenas uma vez e na campanha, até então, a mais vitoriosa), trabalhos em outros postos e municípios, filhos, família, gato, cachorro, praia e papagaio.

Enfim, contra toda essa maré desfavorável alguns/algumas servidores(as) retiraram toda a indignação do peito e da garganta, a noção do que é dever, direito e justo e foram pras ruas, deram a cara à tapa, se organizaram com outras categorias, forçaram o sindicato a ter um papel que há muito não desempenhava, e na medida do possível, não deixando de lado os dias de lutas nacionais, afinal o contexto e os interesses em jogo são os mesmos, os direitos e as conquistas das(os) trabalhadores(as) e das políticas públicas.

Ressaltamos três pontos altos desta campanha: 
1 - a greve geral do dia 28 de Abril, em que muitas(os) servidoras(es) ajudaram a mobilizar o ato nacional; 
2- os atos e  passeata de agosto, que destravaram o abono e o aumento deste; 
3- e finalmente a Ocupação da Câmara de Vereadores, ao lado de outras valorosas categorias, como os ADI e AEEDEE, Mobilidade e Controle Urbano, que em pouco mais de 24 horas destravaram o aumento na Gratificação de Exercício da Profissão do nível superior (conquista da greve do ano passado) e a extensão desta gratificação para o nível médio, uma conquista que se alastrou a quase todos(as) servidores da Assistência Social, sem descontos dos dias parados e retroativo a setembro.

Que nossa organização (ainda embrionária) e nossa ação seja semente, e dê frutos, pralém dos discursos inflamados de um lado, e da cantilena impotente do 'já perdemos' do outro.


Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.
Eduardo Galeano


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